![](https://tagproject.eu/wp-content/uploads/2022/12/Picture_of_Florbela_Espanca.jpg)
Nascida em Vila Viçosa no dia 8 de Dezembro de 1894, desde cedo a sua vida foi marcada por diversas instabilidades, que influenciaram profundamente a sua obra literária. A sua vida, de apenas 36 anos, vítima de suicídio, após o diagnóstico de um edema pulmonar, foi tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos, que a autora soube transformar em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotização e feminilidade. Em 1919, e entre mais de 300 alunos, Florbela foi uma das 14 mulheres a ser aceite na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Porém, as primeiras tentativas de promover as suas poesias falharam quando não conseguiu despertar a atenção de críticos literários. Florbela Espanca passou uma curta estadia em Guimarães – em Novembro de 1923 – enquanto recuperava de uma recaída, período em que contactou com algumas pessoas da pequena comunidade. As formas perfeitas e melodiosas da sua poesia retratam de modo fiel a vida na sua plenitude, com as vitórias e as derrotas, as alegrias e as desilusões, ditas sem pudores ou medos e por isso dando voz a um universo calado à época pelos usos e costumes. Irreverente, ousada e sonhadora, abriu horizontes que contribuíram para uma mudança de mentalidades, relativamente ao papel da mulher na sociedade portuguesa. O seu legado representa um novo ciclo a nível literário, a partir de uma perspetiva feminina. Para além disso, foi uma das primeiras mulheres a usufruir do direito ao divórcio. Não teve de ficar calada com homens que a faziam infeliz, não a compreendiam ou maltratavam fisicamente. Até então, o casamento era algo sagrado e duradouro, e mesmo quando a lei foi aprovada, por muitos anos, as mulheres divorciadas eram muito malvistas pela sociedade. Mas Florbela não quis saber disso, nunca se importou que dissessem coisas horríveis sobre ela se isso lhe trouxesse a possibilidade de amar perdidamente. Tendo em conta o seu valor poético e a forma como soube defender os seus ideais, Florbela é um nome incontornável da cultura em Portugal, tendo as suas obras apenas terem sido reconhecidas após a sua morte.